Um casarão tombado (literalmente)

 

Não conheço a história desse casarão, mas por muito tempo passando pela esquina da Alameda Augusto Stellfeld com a Alameda Cabral, fui vendo esse belo casarão deixar de ser ocupado, depois com um rombo no telhado por onde obviamente a chuva fez o seu trabalho, ou seja, encharcando vigas, forros e pisos. Ficava pensando por qual motivo seus proprietários simplesmente deixaram isso acontecer e que cedo ou tarde, haveria um colapso da estrutura da casa. 

Pois semana passada, esse dia chegou e o telhado e todo o andar superior veio abaixo, colocando em risco inclusive quem pudesse estar passando pela calçada. Depois do colapso, a prefeitura interditou a passagem. Por sorte não houve vítimas, mas poderia ter tido. Quem se responsabilizaria por eventuais danos ou lesões às pessoas. Os donos que deixaram (de propósito?) as coisas chegarem nesse ponto ou a prefeitura que apenas assistia à tudo sem nada fazer?

Hoje passei novamente pelo local, constatando que o casarão e sua história foram completamente varridos. Num futuro não muito distante, certamente brotará no local algo todo cheio de vidros, como se nada tivesse acontecido por ali.

E mais uma vez citando Andressa Barrichelo e seu belo texto para o livro Saudade do Ninho:

"Quando uma mansão ou casa singela vão ao chão na cidade sem que disso se faça luto ou arte, parece haver a dificuldade de seus habitantes em encadear o sentido do hoje com o sentido do ontem. 

Quando uma nova edificação se ergue sem produzir qualquer gancho com o que naquele espaço/terreno havia, perdemos a chance de demonstrar que a vida criada a partir do chão é, na verdade, um contínuo e que as fantasias mais íntimas projetadas em forma de construção madeira ou alvenaria são, ainda, um modo minimamente perene de representação."

Comentários

  1. Olá Washington. A informação que tenho é que essa casa foi construída pelo meu tataravô, Pedro Allegrini, e que o porão, que tinha belos arcos feitos de tijolos, era tombado. Uma pena o abandono progressivo ao longo dos anos, culminando com a destruição total.

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  2. Olá Luiz. Obrigado pela informação. Pena mesmo o abandono.

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