Passando pela Residência Belotti

 



Fazia tempo que não fotografava a Residência Belotti, projeto do Lolô Cornelsen, na rua Dr. Faivre, Centro de Curitiba, bem pertinho da Reitoria. No último sábado parei por alguns minutos na calçada e fiz as fotos de hoje.

Nascido em Curitiba em 7 de julho de 1922 e aqui falecido em março de 2020, Ayrton “Lolô” Cornelsen realizou um extenso trabalho como arquiteto e engenheiro. Em 1943, estudante de engenharia da UFPR e funcionário da Prefeitura de Curitiba, foi encarregado de acompanhar Alfred Agache para conhecer a cidade. 

Iniciou o curso de Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná em 1943, concluindo no Rio de Janeiro em 1949, onde manteve contato com a arquitetura produzida pelos discípulos de Lúcio Costa. 

Lolô era crítico permanente do Plano Wilheim-IPPUC, uma vez que não foram implantadas as largas avenidas propostas no Plano Agache, mantendo o centro de Curitiba “atravancado”, sem o aspecto de metrópole desejado pelo urbanista francês.

Foi diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER) e trabalhou nos projetos da Rodovia do Café, o Ferryboat em Guaratuba e a remodelação da Estrada da Graciosa, entre muitas outras obras.

Entre suas obras mais importantes estão a construção dos Estádios Couto Pereira, Pinheirão e o Mineirão. Foi também responsável pela construção dos Autódromos de Jacarepaguá, de Curitiba, de Estoril e de Angola. Conta-se que foi o inventor da caixa de brita e do elevador panorâmico, apesar de não ter patenteado suas invenções. Construiu, ao todo, 33 hotéis, sobretudo em Portugal.

É de sua autoria o primeiro conjunto de casas em Curitiba, o Vila Camões no São Lourenço, que possui clara influência portuguesa, o que remete ao tempo em que Lolô viveu em Portugal. Em 1969, em plena ditadura militar, Lolô foi convidado a deixar o Brasil injustamente acusado de ser comunista. Mudou-se para Portugal, onde construiu uma carreira de grande sucesso na Europa e África. Retornou ao Brasil em 1976.

Dentre as casas projetadas por Lolô em Curitiba, a que mais gosto e pela qual tenho um carinho especial é a Residência Belotti. Projetada em 1953 esse foi o seu primeiro projeto familiar e em razão disso, ele tinha um carinho mais do que especial por essa casa e das suas obras na cidade é a que ele mais gostaria de ver preservada, desejo atendido em 2014 quando ali foi inaugurada a Galeria Carmesim Espaço de Arte e Design após um extenso trabalho de restauro. Ali continuou a funcionar um bistrô e agora, ocupada pela Proj_Arq_Haus, cujo site descreve como “um espaço colaborativo onde a arquitetura encontra o design de móveis, impulsionando a criatividade e a inovação”. 

Que essa linda Casa Vermelha continue sempre como está, ocupada e preservada, honrando o legado do grande Lolô Cornelsen. 


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