Paulo Leminski - 80 anos








esta vida é uma viagem
pena eu estar
só de passagem

Hoje Paulo Leminski faria 80 anos. Não tive a oportunidade de conhecê-lo, mas viver em Curitiba é meio que esbarrar com Leminski de alguma forma, seja num desenho pendurado numa árvore, poesias com fotos numa churrascaria, grafites em prédios e muros, num ônibus que carrega sua poesia ou na Pedreira que leva seu nome para curtir um show. 

Paulo Leminski nasceu aos 24 de agosto de 1944, na cidade de Curitiba. 
Em 1964, já em São Paulo, publica poemas na revista "Invenção", porta voz da poesia concreta paulista. 

De 1970 a 1989, em Curitiba, trabalha como redator de publicidade. Compositor, tem suas canções gravadas por Caetano Veloso e pelo conjunto "A Cor do Som". 
Publica, em 1975, o romance experimental "Catatau". Traduziu, nesse período, obras de James Joyce, John Lennon, Samuel Becktett, Alfred Jarry, entre outros, colaborando, também, com o suplemento "Folhetim" do jornal "Folha de São Paulo" e com a revista "Veja". 

Foi um estudioso da língua e cultura japonesas e publicou em 1983 uma biografia de Bashô. Sua obra tem exercido marcante influência em todos os movimentos poéticos. Seu livro "Metamorfose" foi o ganhador do Prêmio Jabuti de Poesia, em 1995. Em 2001, um de seus poemas ("Sintonia para pressa e presságio") foi selecionado por Ítalo Moriconi e incluído no livro "Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século", Editora Objetiva — Rio de Janeiro.

No dia 07 de junho de 1989 o poeta falece em sua cidade natal. 

Disfarça, tem gente olhando,
Uns, olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros, olham de banda,
lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando,
olhando ou sendo olhado.
Outros olham para baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha,
em busca do espaço perdido.
Raros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada.




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