Entre um jogo e outro, venha para Curitiba!

Fui contatado há pouco mais de uma semana pelo repórter Fábio Vendrame do jornal O Estado de São Paulo, mais conhecido como o Estadão. Nesse contato fui informado que estavam preparando uma matéria sobre as cidades-sede da Copa de 2014 para o caderno de turismo do Estadão, o Viagem, e que gostariam de saber se eu teria interesse em colaborar com dicas de passeios em Curitiba. Obviamente disse que sim, já que não é todos os dias que recebemos um convite desses de um dos maiores jornais do país.
A proposta consistia que eu passasse três opções bacanas de roteiros que um visitante pudesse fazer em Curitiba. Elaborei os roteiros com o máximo de detalhes que pude e os mandei para o Fábio. A matéria foi publicada hoje no Estadão e o link para a versão digital segue aqui.
Obviamente o material que enviei não poderia ser publicado na íntegra, já que o espaço editorial para a matéria, além de limitado, tinha que ser dividido com as outras cidades sede da Copa de 2014. Mas independentemente disso, ter uma foto minha publicada no Estadão, ter tido a oportunidade de colaborar com um veículo de comunicação desse porte e de alguma forma ter ajudado a divulgar Curitiba, já foi um presente para fechar bem esse 2013!
Como nesse espaço eu posso abusar da quantidade de palavras, publico abaixo na íntegra os três roteiros que elaborei e na colagem de imagens de hoje, as fotos que enviei ao Estadão como opções para ilustrar a matéria. A imagem que escolheram foi a do Jardim Botânico para a versão digital e a do Bosque Alemão na versão impressa (além do MON na colagem da capa da versão impressa).
Se quiser conhecer os roteiros, siga lendo.


1 - CENTRO HISTÓRICO E FEIRA DE ARTESANATO
Esse roteiro para ser completo deve ser realizado aos domingos, pois é nesse dia que a Feira de Artesanato do Largo acontece. Chamar a Feirinha (como é carinhosamente conhecida pelos curitibanos) de feirinha e do Largo são simplificações, já que essa ocupa perto de 3 Km de ruas e expandiu-se para muito além do Largo da Ordem, onde ela começou.

O roteiro deve começar no Paço da Liberdade, única edificação em Curitiba tombada pelo IPHAN, que já foi sede da prefeitura, do Museu Paranaense e hoje é um centro cultural muito vivo administrado pelo SESC, de arquitetura eclética, com predominância de elementos Art Nouveau. Sua fachada principal faceia a Praça Generoso Marques e fachada oposta, a Praça Borges de Macedo, onde estão as Arcadas do Pelourinho e nessa, como o nome sugere, encontraremos o local onde o pelourinho foi levantado em 1668 por Gabriel de Lara, representando o poder legalmente constituído do governo português, a justiça e a caracterização das vilas.
Já na Praça Tiradentes, poderemos observar um display de vidro, onde o piso original da cidade foi preservado, o Marco Zero da cidade e a Catedral Basílica de Curitiba de inspiração gótica.

Caminhando pela lateral da Catedral, atravessando a galeria subterrânea Julio Moreira, onde funciona o TUC (Teatro Universitário de Curitiba, onde há décadas todo domingo o palco é livre para violeiros se apresentarem), encontraremos o Largo da Ordem, onde no passado os imigrantes de todas as nacionalidades (poloneses, alemães, italianos, ucranianos e outros) traziam os produtos da colônia para vender e trocar nesse local. Esse largo recebe esse nome porque ali está a mais antiga igreja de Curitiba (de 1737) a Igreja da Ordem, onde funciona um belo Museu de Arte Sacra. No largo ainda encontraremos o último exemplar legítimo da arquitetura portuguesa em Curitiba, a Casa Romário Martins, um espaço para exposição utilizado pela Fundação Cultural de Curitiba.

A Feirinha serpenteia diversas ruas do Centro Histórico, onde além de milhares de artesãos, o caminhante encontrará o conjunto de casario histórico mais importante de Curitiba e museus como (além da Casa Romário Martins) a Casa João Turin, a Casa da Memória, o Memorial de Curitiba, o Solar do Rosário e o mais importante deles, o Museu Paranaense.

Da arquitetura religiosa, um cardápio bem variado, passando pela Igreja da Ordem, a Igreja do Rosário, a Primeira Igreja Presbiteriana de Curitiba e a Mesquita Imam Ali Ibn Abi Talib.

Depois de horas caminhando e a fome batendo, as opções são muitas e muito boas. Desde o começo da caminhada encontraremos:
-       No Paço da Liberdade o Café do Paço, com bebidas fabulosas a base de Café e onde doces e salgados excelentes são servidos com muita eficiência e simpatia.
-       No Largo, um dos bares/restaurantes mais famosos de Curitiba que funciona desde 1970: o Bar do Alemão ou Schwarzwald (www.bardoalemaocuritiba.com.br). O cardápio conta com pratos típicos da culinária alemã, com destaque para a “Carne de Onça”, que tem esse nome por causa do suposto “Bafo-de-onça” que deixa em quem prova esse delicioso petisco feito de carne crua extremamente bem temperada sobre uma fatia de broa preta. O local logicamente oferece muita cerveja e chopp. Do cardápio de bebidas, indispensável pedir o “Submarino” um generoso caneco de chopp onde um lindo micro caneco cheio de Steinhaeger é submergido. O canequinho é tão bacana que é irresistível “passar a mão nele”, para depois em casa lermos no fundo do canequinho a seguinte frase: “Esse caneco foi roubado honestamente”.
-       Um pouco à frente, diante do Memorial de Curitiba a Casa Lilás (www.casalilascuritiba.blogspot.com.br), onde num lindo quintal, almoço e lanches são servidos com muita simpatia.
-       Na Praça Garibaldi a melhor opção é o Madero Burger e Grill (www.restaurantemadero.com.br), que além de ótimos grelhados, oferece um dos melhores hambúrgueres de Curitiba. Tente, com muita fome, o Bacon Classic. Há vários Maderos em Curitiba, inclusive uma outra casa da rede um pouco mais adiante na Praça João Cândido chamada Madero Prime Steakhouse, onde um cardápio um pouco mais sofisticado é oferecido.
-       Também na Praça João Cândido, encontraremos um dos melhores restaurantes de Curitiba, o Durski (www.durski.com.br/), porém hoje em dia aberto apenas para o jantar de quinta e sexta feira. Caro, sofisticado e absolutamente impecável em todos os detalhes.



2 – BATEL SOHO
Esse roteiro para ser completo, deve ser feito aos sábados, quando uma intensa programação cultural acontece na Praça da Espanha, no bairro do Batel.
Para chegar ao local, sugiro uma bela caminhada iniciando pela Boca Maldita, porção da Av. Luiz Xavier (a menor avenida do mundo com apenas 50m) onde senhores se reúnem para falar mal/bem de tudo/todos. Atravesse a Praça Osório até tomar a rua Comendador Araújo, rua onde casarios históricos dos barões do mate que existem ainda hoje muito belos e preservados podem ser observados. No cruzamento com a rua Coronel Dulcídio, virar à direita e seguir até a Praça da Espanha.
Há anos, comerciantes do entorno da Praça da Espanha criaram uma associação para forjar uma nova denominação para a região: Batel Soho. Nesse local todos os sábados uma feira de antiguidades toma conta de uma parte da praça (que abriga um Farol do Saber, bibliotecas municipais no formato de faróis), uma exposição de carros antigos fecha uma rua e um palco é tomado por bandas locais, aulas de Yoga e atrações para as crianças. Ao redor de tudo isso, excelentes restaurantes tais como:
-       Madero (www.restaurantemadero.com.br), com seus grelhados e hambúrgueres.
-       La Pasta Gialla (www.lapastagialla.com.br), comida italiana.
-       Pata Negra, de culinária espanhola.
-       Tartine, de culinária contemporânea (www.restaurantetartine.com.br).
-       Trattoria do Victor, pasta e frutos do mar (www.pierdovictor.com.br).
-       E um pouquinho deslocado da Praça Espanha, aberto apenas para o jantar de terça a sábado na rua Fernando Simas, o excepcional  L’Épicerie (www.lepicerie.com.br) de culinária francesa.
-        
De sobremesa uma ótima pedida é o sorvete no Fredo (www.freddogelateria.com.br), um cupcake da Cupcake Company (www.cupcakecompany.com.br) ou um café e chocolate do imperdível Cuore di Cacao (www.cuoredicacaochocolateria.com.br).



3 – LINHA TURISMO
Em várias cidades do mundo, uma linha de ônibus como essa tem a importante função de num curto espaço de tempo, dar aos turistas (e moradores) a oportunidade de apreciar um grande número de pontos turísticos a preços relativamente convidativos. A Linha Turismo de Curitiba cumpre muito bem essa função. Os ônibus de dois andares operam de terça à domingo, das 09:00 às 17:30. A linha, segue um roteiro que que sem desembarque dura perto de 2,5 horas, passa pelos 25 pontos turísticos mais importantes de Curitiba. Por R$29,00 cada passageiro tem direito a um embarque e 4 reembarques ao longo do caminho. O itinerário abraça os seguintes pontos (fonte: Prefeitura Municipal de Curitiba):
-       Praça Tiradentes - Marco zero da cidade, é dominada pela Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz.
-       Rua das Flores - A principal rua da cidade foi transformada no primeiro calçadão do país, em 1972.
-       Rua 24 Horas – Recém reformada, foi a primeira rua de comércio 24 horas do Brasil.
-       Museu Ferroviário - Construído na antiga estação, conta a história ferroviária do Estado.
-       Teatro Paiol - Antigo paiol de pólvora construído em 1906 e reciclado para teatro de arena em 1971.
-       Jardim Botânico - Criado em 1991 à imagem dos jardins franceses com sua famosa estufa em metal e vidro.
-       Rodoferroviária - Sua concepção moderna e funcional representou em 1972 um marco no país em terminais de transporte.
-       Teatro Guaíra/Universidade Federal do Paraná - Na Praça Santos Andrade localiza-se o Teatro Guaíra, um dos maiores da América Latina. À sua frente, do outro lado da praça encontra-se a Universidade Federal do Paraná, a primeira do Brasil.
-       Paço da Liberdade – Casa de 42 prefeitos de Curitiba, foi depois sede do Museu Paranaense e hoje, centro cultural de intensa programação cultural durante o ano todo.
-       Passeio Público/Memorial Árabe – O Passeio é o primeiro parque público e o primeiro zoológico de Curitiba, inaugurado em 1886. O Memorial Árabe é edificação moderna inspirada na arquitetura dos povos do deserto.
-       Centro Cívico - Sede dos Poderes do Estado do Paraná, com o Palácio Iguaçu, a Assembléia Legislativa e o Tribunal de Justiça, além da Prefeitura de Curitiba.
-       Museu Oscar Niemeyer - Maior e mais moderno museu do Brasil. Projetado pelo arquiteto Oscar Niemayer, conhecido por todos como o Museu do Olho.
-       Bosque do Papa/Memorial Polonês - Memorial da imigração polonesa, inaugurado em 1980, logo após a visita do Papa João Paulo II.
-       Bosque Alemão - Lembra as mais caras tradições dos alemães, os primeiros imigrantes a se estabelecer em Curitiba.
-       Universidade Livre do Meio Ambiente - Inaugurada em 1992 promove educação ambiental para a população em geral. Sua arquitetura em espiral feita com troncos, tem no alto um belo mirante.
-       Parque São Lourenço - Uma velha fábrica de cola deu lugar a um Centro de Criatividade, com cursos, oficinas e espaços para exposições.
-       Ópera de Arame/Pedreira Paulo Leminski - O Teatro Ópera de Arame é um espaço mágico que se integra à natureza do local. A Pedreira Paulo Leminski é o palco dos grandes acontecimentos culturais e artísticos de Curitiba.
-       Parque Tanguá - Área de lazer com grandes espaços verdes, ancoradouro, pista de cooper, ciclovia e um túnel aberto na rocha bruta unindo os lagos.
-       Parque Tingui – O Parque Tingui lembra os primeiros ocupantes dos Campos de Curitiba, os índios Tinguis, da nação Guarani.
-       Memorial Ucraniano – O Memorial Ucraniano, no Parque Tingui, é homenagem ao centenário da chegada dos pioneiros da etnia, comemorado em 1995.
-       Portal Italiano – O Portal sinaliza a entrada do bairro italiano de Santa Felicidade.
-       Santa Felicidade – Colônia formada em 1878 por imigrantes italianos das regiões do Vêneto e do Trentino. Principal eixo gastronômico de Curitiba.
-       Parque Barigui - Um dos maiores da cidade, implantado em 1972, é um dos preferidos para as caminhadas diárias do curitibano à beira do lago.
-       Torre Panorâmica - Permite, do mirante, uma visão de 360 graus da cidade de seus 109 metros de altura.
-       Setor Histórico - As ruínas de São Francisco, o Relógio das Flores, a Fonte da Memória, igrejas antigas, casarões reciclados e transformados em espaços culturais compõem o Setor Histórico da cidade.

Sugiro que se inicie o itinerário na Praça Tiradentes pela manhã (especialmente no inverno, quando as temperaturas são baixas e no final da tarde a sensação térmica no alto do ônibus é bem desagradável). Se iniciar o passeio por volta das 09:00, poderá desembarcar em Santa Felicidade e almoçar (sugestão minha) no Velho Madalosso (veja bem, no Velho e não no maior restaurante do mundo, o Madalosso Novo). Nesse restaurante você terá uma típica experiência gastronômica de Santa Felicidade com comida de boa qualidade. O atendimento é bem cordial, incrivelmente rápido já que você pede apenas as bebidas, já que TODO o cardápio passa o tempo todo pela sua mesa. Meus favoritos são as asinhas de franco fritas com alho, a polenta frita, a salada de radicchio com bacon e vinagre de vinho. Há quem não goste desse “esquema” de Santa Felicidade por considerarem a comida simples demais (do tipo que se faz em casa), mas acho que esse é justamente o charme do lugar.

Quanto aos locais para desembarcar durante o trajeto, em minha modesta opinião, sugiro desembarcar nos seguintes pontos:
-       Jardim Botânico – é de fato um lugar belíssimo. Além dos jardins, a estufa de vidro com espécies variadas, propicia uma bela vista da cidade. O Boticário desenvolveu o jardim das sensações, uma viagem bem interessante pelo mundo da perfumaria. Caminhar por todo Jardim é bem agradável.
-       Museu Oscar Niemeyer – o museu do Olho (como é conhecido) é um passeio para se fazer muitas e muitas vezes. Vale conhecer por dentro (grandes exposições e arquitetura que por si só já vale a visita) e por fora, onde grupos de jovens se reúnem para ensaiar passos de dança espelhando-se nos muitos vidros abaixo da gigantesca marquise. A loja com muitos presentes e lembranças para comprar. O café, bonito e de cardápio delicioso. O Parcão, cuja sílaba final faz referencia as dezenas de cães que correm livres na companhia de seus donos. Colado no MON, a pé mesmo pode-se conhecer o Bosque do Papa e suas lindas casas de madeira dos imigrantes poloneses.
-       Bosque Alemão – de um lado, um belo portal que remete à arquitetura da imigração alemã em Curitiba. Dele e ladeira acima, passaremos pela trilha de João e Maria, onde a história desses irmãos é contada em estações por dentro do bosque. No meio do caminho, a Casa da Bruxa, onde em horários pré-determinados, bruxinhas contam histórias para a criançada. Seguindo a caminhada, escala-se a Torre dos Filósofos, uma estrutura de troncos, onde no alto, uma bela vista da cidade se revela. O por fim, o Oratório Bach (réplica em madeira de uma igreja da colônia alemã), onde um belo café oferece delícias da culinária alemã (bolachas, tortas).
-       Santa Felicidade – bairro da colonização Italiana em Curitiba, onde uma grande quantidade de restaurantes (principalmente) italianos aglomeram-se. Desses, eu destacaria o Velho Madalosso (www.velhomadalosso.com.br), onde a saga da família Madalosso começou. Um pouco diferente da maioria das casas, o Famiglia Fadanelli (www.famigliafadanelli.com.br) foge do esquema rodízio de frango/massas, para oferecer um sistema de cardápio de pratos bem mais elaborados. E mais diferente ainda, o Peixe Frito oferece um buffet baseado em frutos do mar (com espaço para sushis e sashimis).



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