Seus olhos eram verdes qual o doce de cidra...
Há anos conheço as casinhas de madeira da rua Cândido
Xavier no bairro Água Verde, sendo muito comum eu passar por ali a caminho do
trabalho, mesmo não sendo o melhor trajeto. Já fiz posts anteriores
especificamente sobre a mais especial das casas, que fica no número 521. Quando
soube que sua moradora havia falecido, fiquei preocupado com o destino da casa,
mas ao longo desse ano, percebi que o telhado estava sendo trocado e partes da
madeira estava sendo recuperada. Bom sinal! Meses depois, uma placa com os
dizeres “Doce de Cidra Café e Restaurante”, me deixou duplamente feliz.
Primeiro porque “Doce de Cidra” imediatamente me trouxe a lembrança do meu pai,
que gostava muito desse doce e também, porque tive a certeza de que a casa
estava salva.
Há poucos dias estive no “Doce de Cidra” para um
café, um doce e uma série de fotos, dessa vez de dentro da casa. Nessa visita
tive a grata oportunidade de conhecer Letícia, neta de Dona Anna, que em
sociedade com seu irmão Leandro, abriram o Café/Restaurante.
Gentilmente Letícia se dispôs a contar um pouquinho
sobre essa jornada no texto que reproduzo integralmente abaixo.
Depois que minha Vó Nêne se foi, falávamos sempre sobre o destino da casa, de como
ela estava vazia sem a sua presença e de todos que sempre estavam aqui de
visita. Esta casa sempre foi o ponto de encontro de toda família e de muitos
amigos, lugar do almoço e/ou café de domingo, das festas de aniversário de
primos e tios, lugar dos encontros de pascoa, dia das mães, pais, crianças e principalmente no
Natal, onde a família toda se reunia.
Em conversas com nossa mãe, recordamos
vários momentos que minha vó expressava uma vontade de servir, pra quem
quisesse entrar, suas especialidades. Ela dizia: - bem que a gente podia
colocar algumas mesinhas aqui na sala e servir um café e algumas delicias, não
é? Ela era muito criativa e tinha prazer em receber, além de muita disposição pra cozinhar e
conversar.
Quando falávamos na transformação da casa para um
café/restaurante, o que sabíamos era que não precisávamos mudar muita coisa, nossa vontade era de apenas abrir a casa da vó
ao público. E foi baseado nisso que pensamos em tudo, o nome Doce de Cidra, foi
escolhido por conta de uma musica que ela gostava e que dizia: “... uma
doceira cabocla mais bonita que eu já vi, seus olhos eram verdes qual o doce de
cidra….”, E assim eram os olhos dela, os mais lindos que ja vimos. A casa está
decorada com os quadros que ela pintou, sua mesa de jantar está à disposição de
quem quiser sentar, seu fogão a lenha que de um tudo cozinhou, hoje aquece a
casa nos dias de frio, o piano é tocado sempre e sua foto permanence lá, assim
como sua história e tantas boas lembranças.
O Doce de Cidra serve almoço de
segunda à sábado, tendo o cardápio dominado pelos pratos que a Dona Anna
gostava de cozinhar e à tarde, salgados, doces, chás e um ótimo café aguarda os
privilegiados que são os novos convidados desse fabuloso lugar.
E mais uma vez peço licença à família para postar a primeira foto de Dona Anna, que me foi enviada pelo Jonas, um dos bisnetos dela.
Fantástico post.
ResponderExcluirVira e mexe tenho que ir ao Hospital Iguaçu na frente da casa e depois que abriu, sempre chego uma hora mais cedo, para tomar um cafezinho e comer um salgado que é uma delicia.
Todos la são muito simpáticos, e o preço é bom tbm.
Por estes dias, terei que ir me consultar e com certeza vou mais cedo pra tomar um cafezinho.
kkkkk
Os doces também são muito bons!
ExcluirÉ impossível concluir a leitura sem ter a vontade de ir mais do que depressa até ao Doce de Cidra, Takeuchi. Tentarei reunir 1 ou 2 amigas para um café e, assim, conhecer a encantadora casa. Grata pelos detalhes que fazem a história da Dona Nenê.
ResponderExcluirÉ mesmo muito especial professora.
ExcluirQue história e imagens comoventes, man!! Parabéns pela sensibilidade de registrar isso. Só aumenta ainda mais a saliva – literal e metafórica, de croquizar todos estes detalhes tão delicados, sutis. Carregados de simbologias e histórias da nossa cidade. Realmente é emocionante que eles tenham conseguido manter esta casa viva. A cidade e a história agradecem. É o tempo paralisado por um instante.
ResponderExcluirDia 12 será especial!
ExcluirEssa família merece o céu! Estão preservando a memória afetiva deles e de todos nós, curitibanos!
ResponderExcluirVerdade Kátia. É bem especial o que fizeram.
ExcluirSempre acompanho os post de vocês, mas esse, em especial, me fez marejar os olhos. Vontade de largar tudo e ir correndo conhecer esse lugar tão cheio de amor. Você foi muito, muito feliz em registrar os detalhes da casa, e muito mais, em contar sobre a Vó Nêne! <3 Obrigada, encheu meu coração de felicidade e meus olhos ficaram tão verdes quanto o de doce de cidra!
ResponderExcluirQue lindo. Senti a mesma emoção por conhecer a casa e um pouco da sua história. Tive uma perda recente e tudo se tornou mais emocionante ainda.
ExcluirA dona dessa casinha tão fofa era tia do meu avô. Era uma tia querida, uma pessoa doce que sabia muito bem acolher e fazia questão de servir um bom café com muitas delícias quando íamos lá. Fiquei bem feliz com o nome do restaurante porque lembra o doce de pessoa que ela era. E por constatar que os netos da Tia Nêne, Letícia e Leandro, souberam manter o mesmo clima acolhedor da casinha e incluíram as delícias no menu. Vale a visita.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário Thays. Pelo jeito, cada pessoa que conheceu a Dna Anna sempre tem algo de bom para contar.
ExcluirTakeuchi, agradeça por mim a esses netos abençoados. Lindas fotos!
ResponderExcluirPode deixar que agradecerei! Abraço.
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