A espera do Zequinão
Meu corredor de saída do bairro onde moro é a rua Fagundes Varela e todos os dias passo no cruzamento da Fagundes com a Nossa Senhora da Luz. De uns tempos para cá, quando me desloco para o trabalho, percebi quase todas as manhãs o Seu Zequinão parado na esquina esperando algo ou alguém. Já pensei que talvez ele fosse até a esquina apenas para pegar o jornal, o que de fato acontece, mas mesmo após a coleta do jornal, ele continua a esperar. O que ele espera não verdade não interessa à outra pessoa além dele mesmo, mas o que me interessa é a interessante figura quase todos os dias ali parado, fazendo parte da minha rotina.
A Mercearia Zequinão, um tradicional comércio do Jardim Social pertence ao Sr. Gabriel Alceu Zequinão há mais de 50 anos. Ele é curitibano, descendente de italianos, cuja grafia do sobrenome acabou sofrendo uma alteração em algum dado momento da história. Sua mercearia foi por um curto período administrada pelo seu pai e pelo irmão, mas logo passada para ele, que a mantém até hoje. Em razão da proximidade com grandes super-mercados, hoje ele mantém à venda apenas alguns itens que eventualmente seus ainda fregueses habituais e outros passantes procuram, tais como carvão, lingüiça, ovos (não como aqueles de super-mercado do tamanho de uma bolinha de gude, são grandes e com preço melhor) e claro, uma grande variedade de bebidas.
Nestas imediações e na mesma rua, também foi o campo de futebol do Uracan São Vicente, velho clube da 3a. divisão de amadores de Curitiba. De uma época em que todos os bairros da Cidade tinham seu time. Originalmente, o campo do Uracan ficava na quadra entre as ruas Camões, Dr. Goulin e Pe. Germano Mayer (que antes se chamava Goethe - em homenagem ao poeta alemão). Expulso do local pela especulação imobiliária, o Clube foi para o que viria a ser o depois, 'Jardim Alvorada' - ao lado do Jardim Social. Ficou por um tempo ali e 'se deu por vencido' por novo ciclo de especulação. Sobreviveu, por mais uns tempos, apenas como clube social, na sua sede, na Augusto Stresser, próximo à ferrovia, onde hoje fica uma loja de colchões. Sucedeu-o naquele espaço, uma certa Associação dos Enfermeiros, que mantinha ali, uma espécie de 'bailão'. Posteriormente, o espaço da 'sede social' foi barganhado com os atuais proprietários, em troca de um 'conjunto de escritório', no centro da Cidade. O terreno havia siso cedido pela municipalidade. E com certeza, não poderia ser destinado a outra finalidade, sob pena de reversão ao patrimônio municipal. Coisas que a corrupção, sempre presente por todos os lados das nossas 'instituições', nem sempre permite explicar, de maneira minimamente republicana.
ResponderExcluirWow! Que maravilha as informações que dispõe de Curitiba. Essas mereceriam registro. Obrigado pelo relato que conta como Curitiba foi crescendo e deixando pelo chão algumas histórias. Obrigado pelo relato.
Excluir