O estreitamento da Avenida Marechal Deodoro



Para quem não conhece Curitiba e olha a Marechal Deodoro em direção ao Alto da XV, pode achar que no cruzamento com a Mariano Torres, o semáforo está fechado para os carros enquanto um prédio azul está cruzando a Marechal. Não é nada disso meu caro turista, o prédio em questão que parece não ter respeitado o recuo e avançou até o meio da rua, é o Edifício Alvorada do arquiteto Elgson Ribeiro Gomes, um dos expoentes do Movimento da Arquitetura Modernista em Curitiba.
Depois da foto que fiz da Marechal, mostrando o edifício Alvorada, mostro um anúncio referente ã venda do edifício, lançado em 1961. Nele são descritas as vantagens do novo prédio, como a proximidade com a UFPR, a Universidade Católica do Paraná (hoje no Prado Velho), o Colégio Santa Maria (hoje no São Lourenço) e outros marcos importantes de Curitiba que ainda estão por ali.
Ainda no anúncio, há a informação de que o prédio seria situado no local onde o alargamento da Marechal Deodoro terminaria, quando essa se transformaria na mais ampla avenida de Curitiba.

No site de outro grande arquiteto, Lolo Cornelsen, há muitas informações sobre o Plano Agache e também sobre o desvirtuamento na implantação desse no centro de Curitiba. Do site extraí o que segue:

As principais deformações na implantação do Plano Agache começaram na gestão do governador Bento Munhoz da Rocha (1951-56) e nas administrações municipais de Erasto Gaetner (1951-53), Dr. José Luis Guerra Rêgo (1953-54), dos militares Ney Braga (1954-58) e Iberê de Mattos (1958-61). Eles foram os responsáveis por obras que praticamente inviabilizaram uma das maiores conquistas do Plano Agache: o desbloqueamento das vias centrais de Curitiba.Porém, ignorando os projetos viários centrais do Plano Agache, mesmo com todos os serviços de desapropriação prontos, os administradores paranaenses liberaram a construção de prédios que inviabilizaram a implantação ideal do sistema de circulação.
O prefeito Gal. Iberê de Mattos (1958-1961) bloqueou a avenida Mal. Deodoro junto à esquina da rua Mariano Torres quando permitiu a construção de um edifício de 22 andares (o edifício Alvorada). O prédio inviabilizou o alargamento da avenida, impedindo de se concretizar uma grande conectora leste-oeste. (Extraído de http://www.lolocornelsen.com.br/arquitetura%20-%20agache%20e%20corbusier.htm).

Enfim, erros e acertos fizeram a história da arquitetura em Curitiba e muitas dessas histórias estão por aí para que possamos revisitar sempre que quisermos.

Comentários

  1. Ainda há quem despreze as informações históricas advindas pela arquitetura local; há uma infinidade de detalhes que não passam despercebidos do atento observador e pesquisador, Takeuchi.


    Receba o meu abraço e obrigada pelo compartilhamento das informações.

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  2. Sensacional! Uma lado da história de Curitiba que não conhecia. E olha que o projeto Agache é muito bom, porque apesar das intervenções por vaidade (no mínimo) de alguns prefeitos e governadores ainda assim a cidade garantiu um jeito de planejada.

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  3. Oi Maumau. Mesmo assim, seria muito bom se tivéssemos um centro menos "atravancado"!
    Abraço.

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