Faleceu Ayrton Lolo Cornelsen




















Faleceu ontem aos 97 de idade o engenheiro/arquiteto Ayrton Lolo Cornelsen, um nome importantíssimo da arquitetura paranaense, uma figura impagável de se conhecer pelo seu humor e charme. 

Nascido em Curitiba em 7 de julho de 1922, Ayrton “Lolo” Cornelsen realizou um extenso trabalho como arquiteto e engenheiro. Em 1943, estudante de engenharia da UFPR e funcionário da Prefeitura de Curitiba, foi encarregado de acompanhar Alfred Agache para conhecer a cidade. 

Iniciou o curso de Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná em 1943, concluindo no Rio de Janeiro em 1949, onde manteve contato com a arquitetura produzida pelos discípulos de Lúcio Costa. Lolo tem sido crítico permanente do Plano Wilheim-IPPUC, uma vez que não foram implantadas as largas avenidas propostas no Plano Agache, mantendo o centro de Curitiba “atravancado”, sem o aspecto de metrópole desejado pelo urbanista francês.

Foi diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER) e trabalhou nos projetos da Rodovia do Café, o Ferryboat em Guaratuba e a remodelação da Estrada da Graciosa, entre muitas outras obras.

Entre suas obras mais importantes estão a construção dos Estádios Couto Pereira, Pinheirão e o Mineirão. Foi também responsável pela construção dos Autódromos de Jacarepaguá, de Curitiba, de Estoril e de Angola. Conta-se que foi o inventor da caixa de brita e do elevador panorâmico, apesar de não ter patenteado suas invenções. Construiu, ao todo, 33 hotéis, sobretudo em Portugal.

É de sua autoria o primeiro conjunto de casas em Curitiba, o Vila Camões no São Lourenço, que possui clara influência portuguesa, o que remete ao tempo em que Lolô viveu em Portugal. Em 1969, em plena ditadura militar, Lolô foi convidado a deixar o Brasil injustamente acusado de ser comunista. Mudou-se para Portugal, onde construiu uma carreira de grande sucesso na Europa e África. Retornou ao Brasil em 1976.

Lolô projetou diversas residências familiares, algumas cujas fotos publico aqui hoje. Dentre elas, a minha casa favorita em Curitiba, a Residência Belotti (a casa vermelha da Dr Faivre) projetada em 1953, sendo seu primeiro projeto familiar. Foi lindamente restaurada em 2015 com coordenação de Hugo Umberto Carmesim.

Tenho especial apreço por essa casa pois foi nela que em 2015 realizei minha primeira exposição de fotografias em Curitiba, "Circulando pela Arquitetura Modernista de Curitiba", à convite do Hugo. 

Espero que a memória e obra de Lolô seja cada vez mais estudada e reconhecida. Um belo exemplo será o lançamento nesse ano ainda de um livro dedicado à ele e sua obra pelo amigo e arquiteto Guilherme de Macedo.

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