O Homem Nu


Um bandido, fugindo de outro reino, decidiu se esconder e fingir ser um alfaiate nas novas terras. Muito malandro, o bandido, o "novo alfaiate" conquistou a todos e até conseguiu uma audiência com o Rei.

"Nas terras distantes de onde vim, inventei uma forma de tecer a melhor de todas as roupas!" disse o farsante alfaiate. E continuou "Consigo tecer uma roupa que somente os inteligentes conseguem ver!" 

O rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao bandido que fizesse uma roupa dessas para ele.

O bandido recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas. Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis. Todos passavam na frente da alfaiataria e ele não parava de fazer sua performance: puxava panos, cortava o ar, olhava com cara de quem poderia fazer melhor, refazia e pendurava nada no mancebo. E assim o fez por semanas, enquanto recebia o dinheiro do rei. Claro que todas as pessoas que passavam pela janela alegavam ver o tecido, para não parecerem estúpidas.

Até que um dia, o rei se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o progresso do suposto "alfaiate". Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o rei exclamou: "Que lindas vestes! Fizeste um trabalho magnífico!", embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser rei.

Os nobres ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho do bandido, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz. O bandido garantiu que as roupas logo estariam completas, e o rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais.

Durante o evento, contudo, uma criança, inocente e sincera, gritou " O rei está nu!". 

Olhando meus arquivos, encontrei essa foto não publicada da Praça 19 de Dezembro. Obviamente a icônica escultura do grande Erbo Stenzel não tem qualquer relação com o conto de autoria do dinamarquês Hans Christian Andersen, mas não sei porque ao olhar essa foto me lembrei do conto.

A estátua do “Paraná rumo ao futuro” ou do “Homem Nu” é de autoria de Erbo Stenzel e Humberto Cozzo, inaugurada em 1955, foi uma das obras referentes às comemorações do centenário da emancipação política do Paraná.

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