Pessoas comuns e incomuns de Curitiba 110
Numa nota do Jornal Metro li que o livro “Curitiba Rural -
Aromas e Sabores” (Editora Esplendor, 2012),
do jornalista Eduardo Sganzerla, foi escolhido pelo Gourmand Wine Books
Awards 2012, a melhor publicação do Brasil sobre “Cozinha Local”. A obra representará
o Brasil no concurso Gourmand best in the world, categoria Best Local Cuisine
Book, maior concurso do mundo que premia livros de gastronomia. Os vencedores
serão anunciados no dia 23 de fevereiro de 2013, em Paris.
Logo fui procurar o livro e o encontrei na Livrarias
Curitiba. A capa mostra o restaurante Nova Polska, um lugar que preciso
conhecer o quanto antes, onde o livro foi lançado.
O livro é focado nos poucos, mas ainda resistentes
produtores de alimentos de Curitiba e região metropolitana, que abastecem as
nossas feiras com suas verduras, frutas, legumes e outros alimentos, e que há
gerações garante a sobrevivência de suas famílias. O forte laço com o passado
imigrante é revelado em cada história contada pelos protagonistas do livro.
Todas são histórias de superação de famílias que por necessidade ou opção,
resistiram ao crescimento da metrópole e da terra, de forma praticamente
artesanal, tiram o seus sustento, mantendo tradições de décadas.
Logo no começo do livro, vejo a foto de um senhor que sempre
vejo na primeira banca da feira que frequento semanalmente na Rua Alberto
Boligher, trata-se do seu Agustinho Rigloski.
Seu Agustinho é um descendente de poloneses que praticamente
aos 80 anos, todo sábado ainda enche a sua Kombi com a produção de seu quintal
e a vende na banca que ele mesmo monta na feira. A variedade é pequena, mas a
qualidade é inegável e o uso de agrotóxicos inexistente.
Muito simpático, fala de um tempo que morava na Colônia D.
Pedro II, onde tinha a sua propriedade e de onde trazia seus produtos para
vender em Curitiba, numa jornada feita com carroça que levava 3 horas para vir
e outras 3 horas para voltar. Nessa época, 1966, a nossa Curitiba era bem mais
tranquila, acolhedora e na Praça Rui Barbosa era onde a venda acontecia. Desde
1968 tem a sua própria banca nas feiras e a carroça foi substituída por
caminhonetes.
Hoje mora no São Brás, é casado há 56 anos com dona
Genoveva, criou cinco filhos e mantém a rotina da feira de sábado aparentemente
pelo prazer de continuar a viver a sua vida de pequeno produtor e para
encontrar os seus fregueses de décadas.
No livro, a receita de família que acompanha a história do
seu Agustinho é a de Sopa de Batatinha (parece simples, gostosa e
reconfortante).
Que legal, Takeuchi; quero ler o livro e quem sabe ir ao restaurante, também.
ResponderExcluirOi professora. Tenho certeza que ambas as experiências serão compensadoras!
Excluira receita da sopa de batatinha está no livro? deu vontade! =)
ResponderExcluirEstá sim, assim como muitas outras receitas de família. Hoje comprei as batatinhas do Seu Agustinho (todas sujas de terra) e fiz no estilo rústico (cozidas e depois fritas com a casca em cortes grandes).
ExcluirA receita do seu Agustinho para Sopa de Batatinha é a seguinte:
2kg de batatas
1 maço de cheiro verde
1 broa de centeio
2 litros de água
Sal a gosto
Descascar as batatas e cozinhá-las até ficarem macias. Amasse até obter um purê. Volte o purê na água do cozimento e misture até obter um caldo grosso e uniforme. Adicione o sal e o cheiro verde. Cozinhe mais um pouquinho e deguste com a broa de centeio!