Casa Rodolfo Hey





Era novembro de 1994 quando Rodolfo Hey assinava a escritura de compra de um terreno com uma casa quase demolida no Abranches. Para regularizar a "posse" do terreno, Rodolfo contratou um carpinteiro para fazer-lhe uma "reforma" na dita casa abandonada. Para isso, usaria janelas, portas, e materiais que recebera de uma pessoa próxima da família, a qual havia demolido uma velha casa na rua Saldanha Marianho.  

Rodolfo - advogado que é - sabia que "para manter a posse do imóvel, deveria construir ou colocar um caseiro. Então, em 1996, foi contratado o carpinteiro/caseiro Osmar Francisco Machado, vulgamente conhecido como Liketa (o qual Rodolfo acabara de livrar da prisão). Rodolfo deu-lhe a foto de uma casa que ainda existe perto da Rua Matheus Leme e sentenciou: "faça uma casa como essa, dois pavimentos, alta, e use algumas das janelas e portas que ja estão no terreno". Ambos conversaram horas naquela época sobre a obra e até hoje Rodolfo guarda os croquis feitos a mão em guardanapos. 

Naquela semana, logo após o nascimento de seu filho Bernardo, começou a construção. Rodolfo empreendeu viagem para o interior do Estado, recebendo antes de seu carpinteiro uma listagem de madeira (tábuas, caibros, pedras, cimento, canos, telhas). Em seu retorno à Curitiba, depara-se com a estrutura de uma enorme casa de madeira, muito maior do que imaginava, pois o agradecido cliente carpinteiro afirmava que "casa de advogado tem que ser grande". Circulou por Curitiba atrás de uma casa parecida com o seu chalé polonês, que até então nem lambrequins tinha. Achou um exemplar parecido e o fotografou, entregou a foto ao "Liketa" para orientar o trabalho. 

Na rua Anita Garibaldi numa noite viu uma velha casa, quase caindo, com belos lanbrequins.  No dia seguinte Rodolfo retornou ao local e não mais encontrou a casa. Naquela noite um incêndio consumiu a pequena edificação centenária. Entre as cinzas Rodolfo achou um único pedaço de madeira - um lambrequim quase inteiro. Não teve dúvidas, levou o exemplar à uma marcenaria perto de Joiville onde encomendou as réplicas do lambrequim salvo do fogo.  

Naquele mesmo ano Rodolfo comprou um Órgão de Tubos, ainda hoje o seu instrumento predileto. Em 1997 a casa estava pronta. Como na região falavam que a casa parecia a "Casa do Papai Noel", Rodolfo elegeu as cores verde para os beirais e janelas, vermelho para as paredes e branco para os lambrequins. 

A casa foi mobiliada e servia de chácara para os finais de semana, onde seu filho Bernardo poderia ter contato com galinhas, gansos e até um porquinho. No final da década de 1990 a casa foi decorada pela primeira vez para o Natal com a colocação de lâmpadas em todo seu contorno. Desde então, a decoração de Natal tornou-se uma tradição. 

No ano de 2004, após duas viagens para a Alemanha, Rodolfo não conteve-se em contratar uma arquiteta - alemã - que fez o projeto da casa em estilo enxaimel nos fundos, inspirada em casas que viu na cidade de Eisenach, na Bavaria'. O sobrado tinha um projeto de escadaria, que Rodolfo achou que ficaria "sem graça" se não houvesse um acabamento "la em cima". Foi assim projetada uma pequena torre, que em princípio abrigaria apenas uma caixa d'água. A obra iniciou-se em setembro de 2004 e em dezembro de 2005 a casa estava quase terminada. No topo da torre acrescentou um relógio com baixo custo de energia. Conta a vizinha Bernadete Showonka  que todo ônibus que passa na Rodovia dos minérios tem seus passageiros com os olhos fixos no relógio.  

Ambas edificações guardam para pai e filho, lembranças e momentos importantes.  Dizem os vizinhos que não passa um dia que não pare um carro para tirarem fotos. Se deixar o Portão aberto "ja vai entrando um curioso", mas os gansos e o peru avisam a chegada do intruso. O interfone teve de ser desligado. 
 
No inicio da edificação da casa da frente, no dia 27 de fevereiro de 1996, Rodolfo plantou uma Araucária no meio do jardim, no recuo obrigatório do terreno. A araucária completou 19 anos, a idade exata de seu filho, que nasceu na mesma data.
 
Disse o Rodolfo que se um homem necessita plantar uma árvore, construir uma casa e escrever um livro, sua missão está quase completa, pois um livro estão nos seus planos. E a casa, essa continua lá no alto do morro, atiçando a curiosidade de quem surpreendido a vê pela primeira vez.

O texto acima praticamente na íntegra foi retirado de um relato gentilmente enviado a mim pelo próprio Rodolfo Hey.

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