De volta à Villa Guajuvira e à sua história





Há pouco mais de um ano fiz uma postagem sobre uma casa na rua Ébano Pereira, quase na Praça Garibaldi, em cuja fachada está gravada o nome Villa Guajuvira.

Na época comentei que não havia encontrado qualquer informação sobre a casa e seus moradores.

Felizmente há bem pouco tempo alguns descendentes do construtor da Villa entraram em contato comigo e um pouco da bela história da família e algumas fotos me foram passadas.

De João Raphael Nester, bisneto do construtor da casa, recebi o seguinte relato.

A casa foi construída por Estevão Julio Wagner e Helena Wagner. Eram imigrantes poloneses, chegando ao Brasil na década de 1910.  Instalaram-se no distrito de Guajuvira (daí o nome gravado na fachada), Município de Araucária, onde obtiveram grande êxito comercial, se tonando  proprietários de uma fábrica de palhões e de uma cerâmica/olaria .

A casa foi construída na década de 1940 e era a residência deles em Curitiba. No alto da torre da casa existia uma pequena carroça, que foi colocada pelo próprio Estevão, em razão de ele ter sido carroçeiro (equivalente ao serviço de taxista para a época) quando chegou no Brasil.

Em 1949 Estevão Julio Wagner faleceu. Seu filho Bogdan Wagner assumiu a administração das empresas.

Dona Helena Wagner permaneceu  morando na casa com os filhos mais novos e eventualmente seus netos até 1971, quando faleceu.

Bogdan Wagner tocou as empresas até 1988, quando um acidente ferroviário incendiou a cerâmica/olaria, mas seguiu morando em Guajuvira até seu falecimento em 2000.

Na década de 80 a casa então desocupada, foi invadida por um imigrante nordestino o qual fazia apresentações na frente da casa vestido de cangaceiro e tocando triângulo.

Perto de 1990 a casa foi reformada e foi residência de uma pessoa da família.

No final da década de 2000 a casa, já novamente desocupada, virou um ponto de consumo de drogas, ocorrendo inclusive um assassinato em seu interior.

A casa permaneceu com a família até 2010, quando foi vendida. A família ainda possui as propriedades de Guajuvira, local onde os descendentes de Estevão e Helena visitavam seus avós.

De Marilena Baumgarten (que mora em Joinville) recebi mais um relato que nas palavra dela conta que “Segundo minha mãe, única filha (de Estevão e Helena) que ainda vive, existe uma história para o nome Vila Guajuvira e a charrete em cima da Torre. Meu avô, nascido na Polônia, chegou em Curitiba e logo apos foi para Guajuvira atrás de emprego, como nada por lá conseguiu, voltou para Curitiba e começou a trabalhar como chofer de charrete na praça da estação, começando assim sua vida. Depois já bem de vida voltou a Guajuvira, onde comprou uma fabrica de palhões e uma olaria. 

Como as filhas estudavam em Curitiba no Colegio Cajuru como internas e sentiam muita falta dos familiares, principalmente mamãe, meu avô com o imenso carinho que tinha para com os filhos, construiu a Vila Guajuvira. 

Estes relatos ouvia quando criança de minha vovó Helena quando nos reuníamos para os Natais memoráveis, as festas de pascoa e tantos outros momentos nas ferias escolares que não esqueci jamais pela felicidade e união que tinha com todos e principalmente com vovó. 

Fico grata e emocionada por ler seu texto e chamar nossa casa de preciosidade pois foi e o que fez minha infância e adolescência um eterno e precioso viver.”

Agradeço imensamente à Marilena Baumgarten e João Raphael Nester pelo privilégio de receber tão importantes e belos relatos.

A penúltima foto mostra Estevão Julio Wagner e a última mostra Dona Helena Wagner e no colo dela, a mãe de João Nester, que gentilmente me enviou essas fotos.

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