De influência portuguesa, com certeza!










Circulando um dia de carro pela Rua Mateus Leme com um verdadeiro especialista em Lolô,  Hugo Umberto Carmesim, ele comenta ao passar por um condomínio de casas de inspiração portuguesa, que esse teria sido projetado pelo genial Ayrton Lolô Cornelsen.

Recentemente novamente na Mateus Leme, paramos para apreciar, conversar e fotografar o condomínio (do lado de fora, naturalmente).

Um pouquinho do porque do condomínio e do porque da inspiração portuguesa.

Em 1969, em plena ditadura militar, Lolô foi convidado a deixar o Brasil injustamente acusado de de ser comunista. Mudou-se para Portugal, de onde construiu uma carreira de grande sucesso na Europa e África.

Sendo a pessoa que é, Lolô fez muitos amigos em Portugal.

Em 1974 acontece a Revolução dos Cravos, fazendo Lolô perder praticamente todas as suas economias obtidas ao longo dessa sua carreira internacional. Nesse ano, mandou sua família de volta ao Brasil, permanecendo em Portugal por mais um tempo.

Retornou às pressas para o Brasil em 1976, adquiriu um grande terreno na rua Mateus Leme e igualmente às pressas projetou e construiu o condomínio que hoje apresento, para abrigar as famílias de amigos portugueses que praticamente fugiram da Revolução dos Cravos para o Brasil.

Lolo quis portanto criar um condomínio que fosse minimamente familiar aos amigos portugueses, motivo para o estilo escolhido. E mais uma vez, sendo a pessoa que é, Lolô não deixaria de dar seus toques pessoas nos projetos das casas.

No total são quarenta e quatro casas. Vinte e duas delas voltadas para uma área interior, com acesso restrito, configurando um condomínio fechado e vinte e duas voltadas para o exterior do condomínio.

Cada casa na verdade são duas e cada uma tem sua irmã gêmea. Quando se observa cada uma, elementos de transição, detalhes, quase como pequenas brincadeiras de Lolô, diferenciam umas das outras, misturando a inspiração portuguesa com elementos modernistas.

Algumas das casas já passaram por reformas, principalmente as voltadas para fora do condomínio, mas muito do original ainda está preservado e sem dúvida alguma, vale a pena conhecer mais essa contribuição de Lolô para a história da arquitetura de Curitiba, que muitos imagino, desconheciam a existência.

O condomínio fica na rua Mateus Leme, entre as ruas Vitório Foggiato e Luiz Antonio Biazzeto.

Pesquisando sobre o Lolô na internet, encontrei um artigo muito bacana intitulado “A Arquitetura de Ayrton Lolô Cornelsen e Seu Mundo Modernista Fora do Brasil”, de autoria de Márcia Maria Cavalieri, para o 11 Seminário DOCOMOMO_BR na cidade do Recife em abril de 2016. Siga o link para ler.

Agradeço ao Hugo por me mostrar onde fica o condomínio e por me contar as histórias que o envolvem.

O Jornal Gazeta do Povo publicou em 11/10/2016 uma reportagem sobre esse condomínio (esse post foi um dos motivos para tal), onde um trabalho de pesquisa foi conduzido e na reportagem, vocês encontrarão algumas diferenças importantes. Perceberão que a realidade é um pouco menos romântica. Sugiro a leitura seguindo esse link.

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