Casa Frederico Kirchgässner - parte 3













No terreno com apenas 318 m2, numa das partes mais altas da cidade, construiu a casa num bloco único, tendo apensa um dormitório, com paredes duplas de alvenaria, num total de 568 m2 quatro níveis, cujas plantas não se repetem.

Os dois níveis superiores abrem-se para terraços, sendo o acesso deles feito a partir do quarto do casal.

Os terraços possuem laje dupla de concreto, tendo o maior deles um grande espaço com pórticos de inspiração art déco que emolduram a passagem. Uma dessas paisagens era a Serra do Mar, que foi perdida com o crescimento da cidade.

A entrada principal da casa fica na Jaime Reis, num pequeno vestíbulo que dá acesso a uma área de circulação que dá acesso ao nível inferior e a suíte do casal, algo inédito na cidade em 1930.

Nesse mesmo nível há um escritório que foi mais tarde adaptado para servir de quarto para os dois filhos do casal.

Todas as esquadrias contam com um sistema sofisticado duplo em madeira e vidro, que se abrem completamente em guilhotina, correndo entre as paredes duplas.

Numa espécie de torre que contém a escada helicoidal para o terraço superior, encontram-se esquadrias metálicas com vidros curvos coloridos. No alto dessa escada chegaremos ao atelier do arquiteto, onde há uma escrivaninha e estantes com muitos livros.

O atelier liga ao terraço maior, onde estão os pórticos. Uma escada marinheiro leva ao menor e mais alto dos terraços.

De volta a área de circulação da entrada ao descer a escadaria, chega-se ao nível da casa onde há uma sala de refeições e a cozinha corredor, um conceito de vanguarda, que foi projetada para ser utilizada pelos moradores e não por empregados, algo inédito para um Brasil que demorou para superar sua herança colonial.

No mesmo nível encontraremos ainda uma sala de estar íntima e além dessa, uma ampliação executada ainda em 1930, utilizada como atelier do casal, iluminado por uma esquadria curva e uma iluminação zenital. Ali estão a maioria das obras do casal.

A segunda grande guerra e suas manifestações anti-germânicas, a não compreensão por parte dos moradores de Curitiba da sua visão vanguardista o fizeram recolher-se ainda mais como arquiteto e assim, não teve muitas possibilidades de desenvolver outros projetos além da sua casa e de seu irmão e do prédio da rua Portugal, dedicando-se assim mais ao urbanismo.

Frederico Kirchgässner faleceu em Curitiba em 19 de agosto de 1988.

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