Professora Júlia Wanderley e João Turin









Nas fotos de hoje uma dupla história que pode ser lida em Curitiba num mesmo local, na Praça Santos Andrade, mais especificamente o monumento contendo um busto da Professora Júlia Wanderley e uma placa, ambos de autoria de João Turin.

Júlia Wanderley nasceu em Ponta Grossa no dia 26/08/1874. Em 1877, Júlia Wanderley transferiu-se com sua família para Curitiba. Ingressou no curso secundário em 1889, concluindo-o no Ginásio Paranaense.

Enfrentando preconceitos do seu tempo, conseguiu matricular-se na Escola Normal, em 1890. Naquele ano liderou o movimento para o ingresso de moças no educandário até então aberto somente para o sexo masculino. Foi a primeira aluna da tradicional casa de ensino, recebendo o diploma de professora normalista em 21 de novembro de 1892.

Foi regente da 9ª Cadeira de Instrução Primária de Curitiba. Entre seus títulos, merece destaque o fato de ter sido a primeira mulher nomeada pelo Poder Executivo do Paraná para exercer o magistério. A partir de 1894 passou a dirigir a Escola Tiradentes, sendo ela a primeira mulher a ocupar esse cargo no Paraná.

Júlia Wanderley faleceu em Curitiba, no dia 5 de abril de 1918. Fonte: Wikipedia

João Turin foi um pintor e escultor nascido em Morretes em 21/09/1878, considerado o precursor da escultura no Paraná. Iniciou seus estudos acadêmicos na Escola de Artes e Ofícios de Antônio Mariano de Lima, em Curitiba.

Em 1896, aparece nas atas da escola o nome de João Turin como aluno-professor. Foi por meio dessa escola que João Turin, juntamente com Zaco Paraná, receberam a subvenção do Estado para custear seus estudos na Real Academia de Belas-Artes ("Académie royale des beaux-arts de Bruxelles"), em Bruxelas, onde se especializaram em escultura, tendo sido aluno de Charles Van der Stappen, um importante escultor belga.

Na tentativa de estabelecer um estilo característico para a arte paranaense, cria, com Frederico Lange, mais conhecido como Lange de Morretes, e Zaco Paraná, o movimento denominado "paranismo", caracterizado pelo uso de motivos típicos do estado do Paraná, em arquitetura, pintura, escultura e grafismos, tais como as árvores, folhas e o pinhão. Faleceu em Curitiba, 9 de julho de 1949.

Além da estátua, o monumento da Praça Santos Andrade conta também com um pequeno bronze de João Turin onde vemos crianças com livros nas mãos, provavelmente representando os alunos da professora. Um colega observou que algumas crianças estão descalças, imaginando que representam crianças de origem humilde.

Comentários

  1. Vou colocar duas questões, para nossa reflexão: (1) sobre João Turin, havia um museu com seu nome, a Casa João Turin, na Mateus Leme, espaço do Governo do Estado, hoje fechado. Destaque-se que o acervo que havia no museu era propriedade de um membro da família e estava em comodato com o esfera estadual. Ao que consta, o acerco foi vendido, por este familiar do escultor, ao grupo Positivo e nestas condições, o Governo do Estado, como no dito popular, 'ficou com o pincel na mão', sem a escada. (2) Sobre a realidade das crianças na escola pública de outros tempos, contava minha saudosa Mãe, que frequentou o 'Primário' no velho 'Conselheiro Zacarias', da rua Ubaldino do Amaral esq. com Itupava, a partir de 1928, apenas duas crianças iam à escola calçadas de sapatos e ainda, conduzidas por carro até ela: o futuro político Jânio Quadros, cujo pai era médico e a filha do então Prefeito de Bocaiúva do Sul (que nunca soube os nomes). O demais, todos iam descalços. Dizia minha Mãe que à época, e quando chovia, tinha inveja dos (as) colegas que vinham com barro vermelho nos pés - os dela, moradora na várzea do rio Belém, na rua Amintas de Barros, eram de barro preto. Dizia também, que por estes tempos, a hoje Rua XV, abaixo da Ubaldino, era um barranco erodido em que as crianças das imediações usavam como escorregador - só existia aberta a Itupava, que era uma das saídas da Cidade ... Outros tempos !

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    1. Excelentes questões e como sempre, suas observação são recheadas de informações altamente relevantes (como da venda do acervo ao Positivo e as crianças descalças). Muito obrigado.

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