Arrisque um conto ou poema
Lá de cima do mirante da Igreja Presbiteriana fiquei admirando os prédios do centro histórico de um ponto de vista diferente e raro. Fotografando os prédios antigos que normalmente não se repara muito do chão, fiz essa cena de um casal descendo a rua do Rosário logo depois de passarem por uma pousada.
Que sensações essa imagem lhe transmite? Arriscaria um breve parágrafo de um conto ou um pequeno poema?
Fiz uma espécie de desafio aos leitores e para minha grata surpresa, muitos aceitaram. Alguns na forma de um mini-conto, um poema ou uma frase, sempre expondo a sensação (ou a falta dela em um dos casos) que as pessoas tiveram ao se deter por alguns momentos na foto publicada.
Incrível a diversidade das manifestações, o que reforça o que eu já sabia, que uma mesma situação é capaz de imprimir diferentes sentimentos e penso que isso se deve à história de vida de cada um.
Segue o que foi escrito no Facebook. Todas as manifestações eu seguirei acrescentando aqui:
Dez
olhos! Alguns sonolentos, outros acordados nos observam! Ainda bem que andamos
na linha! (Giceli Portela)
Na
extrema curva do caminho? Uma calçada, ornada de pedrinhas, aponta inúmeras
opções. Vamos à esquerda? À direita? Seguimos em frente? Ah...que dúvida! Ainda
bem que temos alternativas. Qual a sua direção preferida? Vamos juntos. Depois,
experimentamos as outras. Que tal? (Doralice
Araújo)
Por
que esses loucos anjos do amor insistem sempre em invadir justamente a minha
vidraça, sendo tantas as janelas e almas neste mundo? (Cláudio Menna Barreto Gomes)
Claro
e escuro se juntam como futuro e passado parecem presentes em uma mera
caminhada. (Anderson Ch)
Imagem
úmida, fria, cinzenta. Com suas janelas e paredes do passado, espreitando o
futuro, logo ali lembranças de caminhos nunca percorridos... (Beatriz Marcucio)
Amomyway... (Sueli Bmp)
Enquanto
caminhávamos uma garoa fina nos acompanhava. Senti frio e pedi que me desse o
braço. Lembrei-me de nossos passeios vindo do Portão ao Centro. Eu tinha um
fusca. Foi meu primeiro carro. Ela comprava tecidos em uma loja de um chinês.
Eu gostava de comprar livros, mas as vezes íamos ao cinema. Ela era costureira,
a melhor do bairro. Eu, escriturário. Eu sonhava com uma vida com mais cores,
com mais vida, com mais ação. Depois de alguns anos, não percebi a doença
chegar. Não prestava muita atenção nas coisas dela. Hoje apenas eu me recordo
de nossos passeios. Às vezes ela mal se lembra de quem foi ou de quem é. Queria
eu poder costurar nossas lembranças dos lugares onde passamos, dos beijos que
trocamos e da vida que tivemos. Hoje eu a noto, tarde demais, pois ela mal se
lembra de mim. (Rosiane Ferreira)
Meus
cabelos brancos já não me deixam lembrar de onde vim, minha sorte que minha
pequenina menina, lembrou que eu poderia estar aqui, perdido nas lembranças,
então veio buscar-me, e agora descemos a rua no sentido presente, ficando o
passado para trás e olhando o futuro lado a lado a cada passo. (Eliane França)
O
amor é o companheiro do tempo, no pouso e no voo na eternidade do momento. (Hellen Maria Tiburski)
Saudades
de Curitiba, antiga onde passeava a noite sem medo.
(Cirlei Lopes)
Caminho
de visual rotineiro para o meu trabalho! Todo dia uma surpresa! (Walquiria Rodiani P. Teixeira)
Saudades
da infância, saudades de não ter medo. (Simone
Brunor)
Porra
nenhuma (Cadu Fiani)
Descaso.
Tristeza (Regina D. Casagrande)
A
passarela de tantos que como eu..apressados ainda observam o descaso...e
caminham indignados...!!!!..E tudo..se acaba..!!! (Cecilia
Cardoso)
Os
edifícios do centro da cidade passam uma sensação de anonimato negligente, de
falta de cuidado. Algo que já abrigou vida que um dia já foi vida e não é mais.
Espaço de transeuntes. (Vicente Pudell Sobreira)
"Vindo
do interior, ele entrou na Pousada em busca de paz. Encontrou um Vampiro e uma Polaquinha
e ficou amor, ficou poesia, ficou teatro. Ficou." (Gisele Noce)
Europa
brasileira. (Tereza Zotto)
Tristeza,
muita tristeza por conta da parede pixada, oq é pior, as autoridades não tomam
uma medida drástica contra isso. (Edi De Oliveira
Majewski)
Saudosismo...bons
tempos em que se podia passear tranquilo pelas ruas. (Cleu Aguiar)
Entre
um ponto preto e um ponto branco, retas secas, inclinadas sofridas, sombras e
luzes, mas seguem paralelos. (Lívia Albuquerque)
Dá a
impressão que a foto é antiga, mas agora observando os detalhes, tenho outra
sensação, de frio e aconchego. (Flavia Maria)
Saudades
da Curitiba de outrora. .. que caminhar por suas calçadas era prazer...desfilar
nas tardes de sábado ..... (Maria Adelice Contin)
O
passado não muito distante devagar pouco tecnológico dando tempo a mais para se
inteirar com as pessoas! (Ney Lemos)
Frias
Suas
ruas
Suas
vidas,
Nublado
O dia
A
vista,
A
vida segue
O
tempo não para
E a
história fica
(Carola Thamm)
Nostalgia
de um tempo que não vivi (Gabriela ZSilveira)
Deveriam
aterrar toda a fiação do centro da cidade. (Lucas
Zava)
Vamos
aproveitar enquanto ainda temos tempo. (Eliane Dec)
Muita
saudade beijou (Maria Aparecida Cerqueira Lima
Canziani)
Nostalgia... (Cristina Lessa)
Simplicidade, nostalgia, saudades do que não vivi ... (Flavia Maria)
Sensação
de que um bando de viciados vão me assaltar! (Mariana
Bail)
Saudades (Clarice Bodnar Hubner)
José espera.
Pende a xícara no batente secular da pousada. O café preto e doce, fumegante, acompanha intermitentes baforadas as quais preenchem cada metro cúbico do hoje solitário quarto 101. Pela janela, através dos dois graus de astigmatismo da lente bifocal, observa o balé dos chuviscos e das polacas apressadas pelo petit pavet limoso, cautelosas.
Amanhã antes das seis da manhã o 1113 estará na estrada novamente.
José espera. (Tiago Ostrowski )
Emocionante (Maria de Lourdes Giglio)
o frio faz a proximidade ser mais íntima,
o silêncio em noite de outono torna o caminhar, um acalanto.
anos, dias, horas, tempos e tempos juntos
não importa a quantidade, os momentos são vindos.
ele se cobre nos cabelos dela,
os passos seguem lado a lado,
não há pressa. (por divi)
Saudades (Clarice Bodnar Hubner)
José espera.
Pende a xícara no batente secular da pousada. O café preto e doce, fumegante, acompanha intermitentes baforadas as quais preenchem cada metro cúbico do hoje solitário quarto 101. Pela janela, através dos dois graus de astigmatismo da lente bifocal, observa o balé dos chuviscos e das polacas apressadas pelo petit pavet limoso, cautelosas.
Amanhã antes das seis da manhã o 1113 estará na estrada novamente.
José espera. (Tiago Ostrowski )
Emocionante (Maria de Lourdes Giglio)
o frio faz a proximidade ser mais íntima,
o silêncio em noite de outono torna o caminhar, um acalanto.
anos, dias, horas, tempos e tempos juntos
não importa a quantidade, os momentos são vindos.
ele se cobre nos cabelos dela,
os passos seguem lado a lado,
não há pressa. (por divi)
Meus cabelos brancos já não me deixam lembrar de onde vim, minha sorte que minha pequenina menina, lembrou que eu poderia estar aqui, perdido nas lembranças, então veio buscar-me, e agora descemos a rua no sentido presente, ficando o passado para trás e olhando o futuro lado a lado a cada passo.
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