Era uma casa muito engraçada ...
Era Uma Casa Muito Engraçada...
Que tinha teto, porta, janela e tudo que uma casa deve ter. Só que nesta, as paredes rangiam e a casa pulava junto com a criança que brincava.
E tinha um porão, que escondia todos os mistérios do mundo. E também tinha três Araucárias gigantes, que poderiam ser o baobá do Pequeno Príncipe ou o pé de feijão do Joãozinho.
Mas o mais curioso, é que essa era a única casa do mundo que já mudara de endereço!
O sopro dessa casa ainda está de pé, mas eu conto a história dela no passado porque ela faz parte das minhas memórias de infância. Foi meu Sítio do Pica Pau Amarelo. E por ela corri e brinquei com todo o imaginário de Monteiro Lobato.
Nessa casa tanta gente morou! Muita gente! Eu não!
Nela só dormi algumas noites, rodeada de gatos. Era quando a casa falava, em estalos e gemidos, como toda casa de madeira. Mas eu não tinha medo, porque a casa me protegia da escuridão da noite.
E lá o dia era mais dia, mas a noite era mais noite!
E enquanto eu nasci e crescia sempre na casa de tijolos não muito longe dali, aquela casa aventureira já tinha feito as malas e mudado de endereço.
Escolheu um lugar tranquilo, lá para os lados de um santo chamado Inácio para plantar suas Araucárias gigantes e abrigar todos os sonhos de infância.
E hoje, já com seus pra lá de setenta anos, abriga os cupins e suspira suas últimas histórias.
Texto: Luciana Maga
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