Rua Emiliano Perneta



Essa pequena rua de apenas 10 quadras e 1 km de extensão do centro de Curitiba já teve várias denominações, as quais relaciono abaixo.

Num mapa (acima) de 1857 verificamos que a rua chamava-se Rua da Entrada. No mapa, a rua está representada no canto inferior esquerdo. Chamava-se da Entrada exatamente por esse motivo, quem vinha da Castro em direção à Curitiba, obrigatoriamente entrava na cidade por essa rua.

Mais tarde passou a chamar-se Aquidaban (ou Aquidabã). A única referência a esse nome que encontrei, diz respeito a um encouraçado encomendado à Inglaterra com o objetivo de modernizar a Marinha Imperial. Foi lançado ao mar a 14 de agosto de 1885 e tinha as dimensões de 93 metros de comprimento por 17 de largura e pesava aproximadamente 5.000 toneladas.
Em Abril de 1894 encontrava-se nas águas da Baía Norte da Ilha de Santa Catarina. Durante o combate naval de 16 de abril, junto à Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, foi torpedeado pelo Contratorpedeiro Gustavo Sampaio, vindo a afundar parcialmente.
No dia 21 de janeiro de 1906, quando fundeado na baía de Jacuecanga, em Angra dos Reis, faltavam poucos minutos para as 11 horas da noite, por razões até hoje desconhecidas, o Aquidabã sofreu uma violenta explosão em um paiol contendo cordite, partindo-se ao meio e vindo a afundar. Pereceram no desastre 212 homens da sua tripulação. Salvaram-se apenas noventa e oito pessoas.
Atualmente os destroços repousam em Angra dos Reis a uma profundidade entre 8 e 18 metros de profundidade, ao largo do monumento em homenagem às vítimas da tragédia, inaugurado em 1913 na Ponta do Pasto.

Mais tarde, a rua foi rebatizada como Emiliano Perneta, mantendo esse nome até hoje.

David Emiliano Perneta nasceu em um sítio de Pinhais, incorporando ao sobrenome um apelido de seu pai.
Considerado maior poeta paranaense, começou influenciado pelo parnasianismo. Foi abolicionista, tendo feito palestras em defesa dos ideais libertários. Publicou artigos políticos e literários, assim como passou a incentivar, em Curitiba, a leitura do escritor Baudelaire, fato marcante para o surgimento do simbolismo no Brasil. Publicou seus primeiros poemas em O Dilúculo, de Curitiba, em 1883.
Mudou-se para São Paulo em 1885, onde fundou a Folha Literária em 1888.
Tinha forte convicção republicana durante o Império, tanto que no dia 15 de novembro de 1889, no dia de sua formatura em direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, como orador da turma, fez um discurso inflamado em defesa da República, sem saber que a mesma havia sido proclamada horas antes no Rio de Janeiro.
Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1890. Lá, colaborou com vários periódicos e, em 1891, foi secretário da Folha Popular.
Em agosto de 1911, ao retornar para Curitiba, foi aclamado “príncipe dos poetas paranaenses” em uma festa no Passeio Público. Sua obra poética inclui Ilusão (1911), no qual se faz presente a estética simbolista, Pena de Talião (1914), os póstumos Setembro (1934) e Poesias Completas (1945).
Em 19 de dezembro de 1912 participou da fundação do Centro de Letras do Paraná, sendo seu presidente de 1913 a 1918.
Faleceu no dia 21 de Janeiro de 1921 na pensão de Oto Kröhne, na Rua XV de Novembro, 84.

Segue um de seus poemas.

PARA UM CORAÇÃO
Um dia, vi-te, assim, bailando,
E a uma pergunta, que te fiz,
Tu respondeste : "Eu amo, e quando,
E quando eu amo, eu sou feliz!"

Por uma noite perfumada,
Cantaste, sobre o teu balcão.
E eu disse, ouvindo a áurea balada :
- Ah! Que feliz é o coração!

Quanta felicidade, quanta,
Não há ninguém feliz assim :
Um dia baila e noutro canta,
Como se fosse um arlequim...

Eu disse .. Mas agora vejo,
Nesse silêncio tumular,
Que estás sofrendo, e o teu desejo
Já não é mais o de bailar...

Nem de bailar, e nem, de certo
De nada mais, de nada mais...
Que fazes, pois, triste deserto,
Que fazes pois, que não te vais?

Mas, choras, creio, choras? Onde?
Se viu chorar um Lúcifer?
Pobre diabo, vamos, esconde
Essas fraquezas de mulher...

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