Livraria do Chain



Impossível pensar numa livraria em Curitiba que tenha maior relação principalmente com estudantes e especialmente com estudantes da UFPR, do que a Livraria do Chain, que desde 1968 confunde-se com o prédio da Reitoria.
Entrando na livraria, você logo percebe que ela em nada se parece com as grandes do ramo. Nada de lindas prateleiras em madeiras nobres, nada de mesas e confortáveis poltronas para leitura. Nada de cyber-café, espaços lúdicos, ou seja, nada de frescura! Em compensação, uma gigantesca variedade de títulos que dificilmente se encontra em outras livrarias. Eu, particularmente interessado em literatura com foco em Curitiba, posso dizer que o Chain é o único que se preocupa em ter e valorizar títulos sobre nossa Curitiba e sobre o Paraná.
Difícil ficar imune às opiniões do Chain, sempre fortes e afiadas! Não sei se ainda fica em exposição o tacape que supostamente ele usa para “amansar ladrão” que se arrisque a circular entre suas prateleiras.
Na única oportunidade que tive de conversar com o Chain, ele elogiou muito a cultura oriental (mais tarde descobri que ele é casado com uma), discorreu sobre alguns temas polêmicos e por fim, me desafiou a levar um livro e disse que se por acaso eu lesse o livro e não gostasse, que eu o levasse de volta que ele reembolsaria. Pois bem, levei e li o livro. Está até hoje na minha estante.
As informações a seguir extraí de uma entrevista que vi na internet dada pelo Chain à TV da UFPR. Fui algumas vezes na livraria com a esperança de encontrar o Chain e pedir se ele gentilmente autorizaria que eu o fotografasse e à sua livraria, para poder ilustrar esse post, que já está no forno faz tempo. Como não o encontrei em nessas últimas idas à livraria, ficou apenas na vontade.
Chain nasceu em Curitiba aos 16 de novembro de 1943. O pai, Hussein Chain, era de origem árabe, e a mãe, Olga Antoniuk Chain, era de origem ucraniana. Herdou da mãe e avós, o gosto pelos livros e do pai, o tino para negócios. Com a esposa Chang Yen-li, de origem chinesa, teve três filhos: Milena, Amanda (que eventualmente pode ser vista na livraria) e Aramis.
Fez o primário na Escola Estadual Xavier da Silva em Curitiba. Na década de 50, estudou no Colégio Estadual do Paraná. Na UFPR -Universidade Federal do Paraná, fez o curso de História. Teve aulas com professores como Brasil Pinheiro Machado e Bento Munhoz da Rocha. Durante a gestão do governador Paulo Cruz Pimentel, fez concurso público para professor de História. Foi aprovado e escolheu a cidade de Cianorte, no Norte do Paraná, para trabalhar durante oito anos.
Com o surgimento dos cursos de Pós-Graduação na UFPR e na PUCPR - Pontifícia Universidade Católica do Paraná, no final da década de 60, Chain, estimulado pela professora Cecília e pela própria direção da UFPR, deu início à sua livraria especializada em Ciências Humanas, numa época em que não havia livros especializados. Desde 1968, sua livraria encontra-se no mesmo endereço, Rua General Carneiro 441, ao lado da Reitoria da Universidade Federal do Paraná. Em 1993, houve uma pesquisa em âmbito nacional para saber onde estava a melhor livraria do País. Resultado: a livraria do Chain foi vitoriosa.
Tradicional entre estudantes e intelectuais, a Livraria do Chain é ponto de referência físico e cultural de Curitiba, resistindo ao tempo, às grandes redes nos shoppings e à literatura fácil da internet. Como sobrevive nesse ambiente hostil? Somente ele pode responder.
Considerado radical e polêmico por muitos, não tolerando que se beba Coca-Cola no país do Guaraná e no estado do Mate, abaixo seguem algumas de suas frases:
“Antes as pessoas orgulhavam-se de ter uma biblioteca na sua sala, hoje orgulha-se de ter um bar.”
“Depois que se lê um livro, você não é mais a mesma pessoa.”
“Não tenho clientes, mas amigos.”

Comentários

  1. Super post. Para começar uma revolução nada melhor do que livros. E agora fiquei curioso para saber qual o título que ele indicou e vc leu e de fato era bom...

    JOPZ

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  2. OI Jopz. O livro é Tuareg de Alberto Vazquez Figueroa.

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  3. Olá Washington, tudo bem?!
    Meu nome é Fernanda e trabalho na Livraria do Chain.
    Amanda comentou comigo sobre o post que você fez.
    Você escreve bem e dá para sentir emoção no seu texto.
    Amanda e eu fizemos um blog da livraria, para compartilharmos informação e conhecimento com outras pessoas. Caso queira conhecer, é só clicar em cima do login.
    Vou divulgar seu blog em meu facebook, ok?!
    Até algum dia na Livraria =)
    Fernanda.

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  4. OI Fernanda! Obrigado pela visita e por informar a existencia do blog da Livraria. Muito legal vocês fazerem o blog. Tenho certeza que podemos esperar boas coisas!

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  5. Lindo post. O Chain é uma referência e eu, pessoalmente, admiro muito sua figura. Nos meus tempos de duranguice, sempre pude ler algumas importantes páginas jurídicas entre suas prateleiras.

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  6. Oi Barbara. O Chain é uma pessoa a ser admirada mesmo. A luta dele não deve ser fácil contra as grande, assépticas e impessoais gigantes do ramo. Tempos de duranguice? KKKK! Muito bom! Eu me esforço e não consigo sair dessa fase! :o)

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