Mercearia Zequinão




Houve um tempo, poucas décadas, em que a mercearia do bairro era local de encontro e prosa com o dono do estabelecimento e com as mesmas pessoas que freqüentavam o local. Nesse tempo, as grandes, estéreis e impessoais cadeias de super-mercados não existiam e todas as compras da casa eram feitas nas mercearias, quitandas, açougues, feiras e no Mercado Municipal. Com freqüência as compras eram feitas nessas mercearias e a conta era anotada no caderninho, para ser paga futuramente e o dono da mercearia conhecia pelo nome todos os moradores do bairro. A concorrência com os super-mercados foi uma batalha desleal para esses pequenos estabelecimentos, que com o tempo foram desaparecendo dos bairros, restando apenas alguns poucos que continuam funcionando mais pela teimosia de seus antigos donos do que propriamente como um bom negócio.
Na rua Fagundes Varela, 261 no Bairro Jardim Social, temos um desses últimos estabelecimentos que resistem ao tempo e à modernidade. Nesse endereço funciona a Mercearia Zequinão, onde mora e trabalha há mais de 50 anos o Sr. Gabriel Alceu Zequinão. Curitibano, descendente de italianos, cuja grafia do sobrenome acabou sofrendo uma alteração em algum dado momento da história. Sua mercearia foi por um curto período administrada pelo seu pai e pelo irmão, mas logo passada para ele, que a mantém até hoje. Em razão da proximidade com grandes super-mercados, hoje ele mantém à venda apenas alguns itens que eventualmente seus ainda fregueses habituais e outros passantes procuram, tais como carvão, lingüiça, ovos (não como aqueles de super-mercado do tamanho de uma bolinha de gude, são grandes e com preço melhor) e claro, uma grande variedade de bebidas.
Enquanto conversávamos, dois de seus sobrinhos apareceram e constam de uma das fotos de hoje.
Disse o Sr. Zequinão (cujo apelido é Varanda e que ele não tem idéia do motivo), que sua família foi proprietária de muitos terrenos na região do Jardim Social e Bacacheri, numa época em que as pessoas duvidavam que Curitiba fosse alcançar essa região que era inclusive conhecida como Planta Florestal.
Enfim, bons tempos que não voltam mais, mas que felizmente deixaram alguns remanescentes como o Zequinão para contar história.

Comentários

  1. Minha mãe tem uma mercearia no interior do Paraná há mais de 35 anos. Eu a vi tantas vezes atrás de um bancão, que se eu fechar os olhos ainda consigo vê-la no mesmo lugar. Crescer acontece num bater de coração. Um dia você está de fraldas, no outro já se foi. Mas as memórias da infância ficam com você. Por um longo tempo. Eu me lembro de um lugar… uma cidade… uma mercearia. Como muitas outras mercearias… Um calçada como muitas outras calçadas… Uma rua como muitas outras ruas. O negócio é o seguinte: Depois de todos esses anos eu continuo olhando para trás… maravilhado! Foram Anos Incríveis! Eu ficava lá sentado com naquela cadeira da mercearia por horas, com a única e verdadeira heroína que conheci, minha mãe…

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    1. Que bonito e real. Obrigado por compartilhar.

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    2. Não Washington. Obrigado digo eu! Parabens pelo excelente trabalho e sensibilidade. Crescer nunca é fácil, você se apega a coisas que já eram. Você se pergunta o que ainda está por vir, mas há momentos em que percebemos que está na hora de deixar para trás tudo que já era, e olhar para frente. Outros dias, novos dias, dias por vir. A questão é: não devemos nos odiar porque envelhecemos, mas devemos nos perdoar porque crescemos. Quanta nostalgia!

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  2. meu vô querido... que saudades desse tempo...passei grande parte da minha infância nesta casa

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