Restaurante Kamikaze


Kami significa "deus" e kaze, "vento", portanto Kamikaze (vento de Deus) é uma palavra japonesa que em 1274 deu nome a um tufão, que salvou o Japão de ser invadido por uma frota liderada por Kublai Khan, conquistador do Império Mongol, que se tivesse logrado êxito teria descaracterizado a nação japonesa como a conhecemos. O termo é portanto muito mais importante para o Japão e tem um significado muito maior do que os soldados suicidas da segunda grande guerra.
A escolha do nome do restaurante pelo seu proprietário, Ezaki Kazuma, levou em conta o significado acima e também um motivo muito mais simples. Na época em que estabeleceu seu restaurante em Santa Felicidade há 35 anos atrás, os japoneses e os chineses eram confundidos pelos brasileiros e a escolha do nome serviu para marcar a nacionalidade de Ezaki-san, pois o termo Kamikaze existe apenas na língua japonesa.
O modismo pela comida japonesa promoveu uma verdadeira invasão de restaurantes desse gênero em Curitiba e com o objetivo de adaptar-se ao gosto brasileiro, muitas variações ou interpretações foram introduzidas no cardápio, inclusive o sistema de rodízio, antes restrito à pizzarias e churrascarias. Imune aos modismos, o Kamikaze se mantém fiel à sua tradição, sendo portanto simples e único em Curitiba. Considero um certo alivio existir um restaurante, onde você corre um sério risco de sair corrido de lá se pedir por um rodízio de sushi e sashimi.
Interessante ligar e fazer reserva (mesmo que chegue ao local e não tenha outros clientes), pois o processo todo de preparo do prato principal, leva pelo menos uma hora e como apenas Ezaki-san ou seu filho fazem a comida, num esquema de dedicação exclusiva ao cliente, você pode ficar esperando bastante. Apenas fique preparado para, ao ligar para fazer reserva, ouvir perguntas como: “você conhece o sistema da casa?” ou então um comentário do tipo: “se quer comer como nos outros (restaurantes japoneses), não é aqui”.
O cardápio não poderia ser mais enxuto. Apenas duas entradas: tempura de camarão e legumes ou sashimi. Como prato principal o carro chefe da casa é o excelente teppanyaki (que pode ser traduzido como grelhado na chapa), preparado na frente do cliente numa chapa enorme que faz parte da mesa. Os teppans podem ser de mignon, camarão, frango, peixe ou lula. Se no cardápio algo estiver riscado, significa que não está disponível naquele dia, pois a casa oferece apenas o que estiver fresco. A única outra alternativa é o sukiyaki, mas como esse depende da casa ter todos os ingredientes indispensáveis, convém na hora da reserva perguntar se naquele dia será possível.
Depois de 20 anos em Santa Felicidade, o Kamikaze está na Vila Izabel há outros 15 anos, na Rua Bororós. Apenas três pessoas trabalham no restaurante, o Sr. Kazuma Ezaki, sua esposa e seu filho. Apesar da fama de mal humorado, se você respeitar a casa e as opiniões (e ele sempre tem uma) de Ezaki-san, ele será muito receptivo. Então se quer variar da mesmice dos outros restaurantes japoneses, experimente a cozinha do Kamikaze, que segundo Ezaki-San no Brasil somente ele e outro restaurante em São Paulo fazem.

Comentários

  1. Fiquei curiosa: que restaurante em SP faz a mesma comida?

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  2. Quando for ao Kamikaze novamente, perguntarei. Ou, se vc for antes, pergunte e nos conte.

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  3. Oi Anna. É meio "takai", mas como é muito bom, de vez em quando vale a pena!

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