A Arquitetura Modernista de Curitiba - Introdução


A idéia para os posts que farei nos próximos dias sobre Arquitetura Moderna em Curitiba, partiu da compra e leitura do livro do Prof. Salvador Gnoato “Arquitetura do Movimento Moderno em Curitiba” (Travessa dos Editores, 2009), livro esse que recomendo pelo volume e qualidade das informações prestadas, permitindo aos leitores entenderem melhor a Curitiba na qual vivemos e o quanto a mão desses profissionais tem a capacidade de afetar a paisagem e a forma como nos relacionamos com a cidade.

A minha proposta aqui, será apresentar uma pequena introdução ao Movimento Moderno na arquitetura e nos posts seguintes, apresentar um pequeno resumo da obra e vida de oito Engenheiros Civis (ou Arquitetos sem curso de arquitetura, conforme citado no livro), que ajudaram a consolidar o ideário do Movimento Modernista em Curitiba, sendo eles, pela futura ordem de publicação dos posts (mesma ordem em que aparecem no livro): Frederico Kirchgässner, Vilanova Artigas, Ayrton “Lolo” Cornelsen, Elgson Ribeiro Gomes, Jaime Wassermann, Leo Linzmeyer, Romeu Paulo da Costa e Rubens Meister, todos eles nascidos ou criados em Curitiba. O Prof. Salvador gentilmente permitiu que eu utilizasse o seu livro como fonte para os textos que serão publicados.

Outros arquitetos e engenheiros, também deixaram a sua marca modernista em Curitiba, inclusive em edificações que já foram objeto de posts nesse blog, tais como o Centro Cívico, a Reitoria da UFPR, o Colégio Estadual do Paraná e em muitas outras edificações por toda a cidade.

Arquitetura moderna é uma designação genérica para o conjunto de movimentos e escolas arquitetônicos que vieram a caracterizar a arquitetura produzida durante grande parte do século XX (especialmente os períodos entre as décadas de 10 e 50), inserida no contexto artístico e cultural do Modernismo. O termo modernismo é, no entanto, uma referência genérica que não traduz diferenças importantes entre arquitetos de uma mesma época.

Não há um ideário moderno único. Suas características podem ser encontradas em origens diversas como a Bauhaus, na Alemanha; em Le Corbusier, na França em Frank Lloyd Wright nos EUA ou nos construtivistas russos alguns ligados à escola Vuthemas, entre muitos outros. Estas fontes tão diversas encontraram nos CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna) um instrumento de convergência, produzindo um ideário de aparência homogênea resultando no estabelecimento de alguns pontos comuns.

Uma das principais bandeiras dos modernos é a rejeição dos estilos históricos principalmente pelo que acreditavam ser a sua devoção ao ornamento. Com o título de "Ornamento é Crime" (1908) um ensaio de Adolf Loos critica o que acreditava ser uma arquitetura preocupada com o supérfluo e o superficial. O ornamento, por sua vez, com suas regras estabelecidas pela Academia, estava ligado à outra noção combatida pelos primeiros modernos: o estilo. Os modernos viam no ornamento, um elemento típico dos estilos históricos, um inimigo a ser combatido: produzir uma arquitetura sem ornamentos tornou-se uma bandeira para alguns. Junto com as vanguardas artísticas da décadas de 1910 e 20 havia um como objetivo comum a criação de espaços e objetos abstratos, geométricos e mínimos.

Outra característica importante eram as idéias de industrialização, economia e a recém-descoberta noção do design. Acreditava-se que o arquiteto era um profissional responsável pela correta e socialmente justa construção do ambiente habitado pelo homem, carregando um fardo pesado. Os edifícios deveriam ser econômicos, limpos, úteis.

Duas máximas se tornaram as grandes representantes do modernismo: menos é mais (frase cunhada pelo arquiteto Mies Van der Rohe) e a forma segue a função ("form follows function", do arquiteto proto-moderno Louis Sullivan, também traduzida como forma é função). Estas frases, vistas como a síntese do ideário moderno, tornaram-se também a sua caricatura.

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