Eleuther - o homem que vestiu as primeiras damas - parte 2
O Sr. Eleuther se auto-intitula modelista,
já que o título de estilista ele reserva para as pessoas que criam moda (como a
Maison Chanel). Diz ser capaz de observar qualquer modelo de roupa, seja uma foto
ou um desenho e tornar realidade aquele modelo em qualquer pessoa.
Na área de
produção do atelier, ele me mostrou um pouco da sua técnica. Através de uma
série de medidas e utilizando-se de uma planilha, faz um mapa da cliente em
papel e dali, pode executar qualquer modelo de roupa. Definido o modelo,
transfere as medidas para os moldes, dali para um tecido de apoio e promove os
cortes. Suas exímias costureiras (algumas trabalham com ele há mais de 20 anos)
montam o vestido de prova, que uma vez confirmada todas as medidas e feitos
todos os ajustes, o corte no tecido definitivo é executado e o vestido a ser
entregue é feito.
Todos os bordados são feitos à mão, tendo os desenhos feitos
pelo próprio Eleuther. Um modelo jamais é repetido e a execução é tão primorosa,
que ele guarda ainda vestidos de 30 anos atrás, enviados pelas suas clientes
por já não servirem mais e por dó que essas têm de desfazer-se deles. Com esses
vestidos fez uma exposição para comemorar os seus 50 anos de uma carreira de
muito sucesso, já deu aulas como convidado de uma escola de design de moda
(para uma plateia ao final de 5 aulas, atônita) e ainda hoje atende suas
clientes na sobreloja do edifício onde mora no centro de Curitiba.
Seu
atelier, decorado de forma requintada com quadros, móveis históricos, objetos
raros e tapetes persas, oferece às suas clientes uma ambientação que certamente
não se encontra em outro local de Curitiba.
Já foi considerado pela Revista
Vogue nos anos setenta um dos cinco melhores estilistas do Brasil e na década
de oitenta pela Revista Claudia um dos melhores estilistas do sul do Brasil.
Foi
uma grande honra poder conhecer esse operário da moda, considerado inatingível
por muitas pessoas (ele ri disso), ainda hoje apaixonado pelo seu ofício, o qual
desempenha há quase 70 anos. Gentil, detentor de uma cultura invejável e
memória prodigiosa, é guardião de boa parte da história da sua família, que
confunde-se com a história de Curitiba, do Paraná e do Brasil. Goza de boa
saúde, desloca-se por conta própria apoiado por um andador, tem uma voz ainda
forte e segura, um pouco debilitada segundo ele, pelos muitos cigarros que
ainda fuma vorazmente.
Eu gostaria por fim de recomendar aos historiadores e jornalistas que
pesquisem, entrevistem e registrem em livros e revistas, a história da vida desse gentil senhor e de
sua família, que entrelaça-se com a história da nossa cidade e do nosso país.
Continua amanhã com um pouco da história de sua família.
Continua amanhã com um pouco da história de sua família.
Apaixonei por esta série! Parabéns pelos trabalhos de fotografia, pesquisa e redação!
ResponderExcluirObrigado Raffaela! E pelo pouco contato que mantive com o Sr. Eleuther, o que escrevi aqui é apenas uma pequena parcela de todas as histórias que ele tem para contar. Seria um grande serviço ã nossa história se alguém se profundasse para escrever uma biografia desse grande paranaense e de sua família..
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