Por onde andará Laurentino?



Se você é das antigas em Curitiba e passar pela Praça das Nações no Alto da XV, poderia se perguntar: onde andará aquele enorme boneco de facas que ficava por aqui e que se movia conforme o vento?

Pois bem, vou lhes contar. O Laurentino, depois de vinte anos no mesmo lugar encantando a todos com seus movimentos radicais, ficou cansado de tanto descaso de quem deveria cuidar dele e resolver procurar um outro lugar onde pudesse mostrar os seus talentos. Trocou sua antiga casaca azul já puída pelo descaso que citamos acima, por uma vermelha novinha em folha e foi circular por Curitiba.

Parou no Museu do Olho e achou que talvez fosse meio moderno demais para o seu gosto. Passou pela Prefeitura e logo concluiu que no gramado de quem deveria ter cuidado dele talvez não fosse uma boa idéia e de passagem pelo quase novíssimo palácio do governador, achou que se a reforma desse ainda vai longe, ele ficaria novamente esquecido. E que tal fazer companhia ao grande homem de granito na Praça 19 de Dezembro? Que dupla: Erbo e Laurentino! Pensando bem, desconfiou que a moça deitada na praça, ficaria incomodada ou enciumada com mais um famoso dividindo o mesmo espaço.

Quem sabe diante da Catedral, sob a proteção da Nossa Senhora da Luz dos Pinhais? Não! Os devotos ficariam assustados com suas facas ao sair da missa, mesmo essas servindo apenas para engenhosamente captar o vento e fazê-lo mover-se habilmente.

O Paço da Liberdade? Provavelmente o Barão ficaria deslocado! Caminhando na mesma direção da Maria Lata D’Água?

Não! Laurentino sentiu que nenhum desses belos lugares era o seu lugar!

Já na Feirinha de Artesanato e em todas as suas ruas ele se sentiu em casa! O Belvedere, as ruínas, as barraquinhas, o Largo, as igrejas, o Museu Paranaense! Sim, aqui ninguém o olharia torto! Quando passasse todos diriam: lá vai o Laurentino! Lá ele seria rei. Lá ele tem um espaço cultural que leva o seu nome: Casa do Artesanato Laurentino Rosa! Pronto! Resolveu que é no centro histórico que ele deveria ficar!

Afinal, o que esse Cavalo Babão tem que ele não tem??

Se você quiser saber mais sobre Laurentino Rosa, o genial criador (já falecido) do nosso personagem de hoje, leia uma coluna de Dante Mendonça intitulada “Glória do Pipoqueiro” de junho/2009 ou uma nota na página de Julieta Reis na época do falecimento dele. Julieta Reis é uma pessoa mais do que envolvida com a feirinha e grande incentivadora de Laurentino Rosa, que deixou seu legado para seu filho Francisco, autor do boneco de facas que circulou por Curitiba em minha companhia para fazer essas fotos.

Comentários

  1. Quando criança ele era um acontecimento para mim, sempre que ia à casa do meu tio ali no Tarumã ficava esperando passar pelo Laurentino ( não sabia que o nome era esse ).
    Muito legal o post, lembranças boas.

    ResponderExcluir
  2. Olá! Que legal que se lembra dele. O nome Laurentino é na verdade o nome do criador dele (Laurentino Rosa), mas achei interessante batiza-lo com o nome do artista para dar um tom mais pessoal. O pequeno Laurentino das fotos hoje vive feliz na bancada da minha churrasqueira. De vez em quando ele fica ao ar livre para curtir um ventinho e mostrar suas habilidades.
    Obrigado pela visita!

    ResponderExcluir
  3. Sempre dou uma passada no seu blog, tem muita coisa legal pra quem ama Curitiba e quem sabe pra quem odeia também. Parabéns.

    ResponderExcluir
  4. Obrigado, continue circulando por aqui!
    Amar ou odiar Curitiba! Realmente não dá para ficar indiferente!

    ResponderExcluir
  5. Pô, eu morava em frente a essa praça de 71 a 77, lembro como esse boneco me intrigava. Valeu pela recordação!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O que achou desse post? Seu comentário é muito bem-vindo.

Postagens mais visitadas