Os garis de Curitiba
Curitiba sempre teve fama de ser uma cidade limpa, tendo sido inclusive eleita num programa de televisão como a capital mais limpa do Brasil. Quem mora em Curitiba deve lembrar-se de campanhas como a do ex-jogador de basquete Oscar, louvando o costume do morador de Curitiba de jogar seu lixo nas lixeiras e não no chão. Essa fama deve-se, além do costume já mencionado, de um sistema de coleta e remoção de resíduos bastante eficiente da prefeitura de Curitiba. E os protagonistas desse sistema de limpeza são os garis. Em Curitiba são quase 2.000 garis (ou agentes de limpeza) que diariamente à pé, puxando carrinhos, ou com sacos plásticos e uma lança para coleta, ou nos caminhões (correndo mais do que atletas fundistas), varrem e recolhem toda espécie de lixo que se espalha pela cidade. Em Curitiba eles têm seu dia (16/05) e uma rua no Boqueirão.
Li uma matéria na qual um professor da USP passou um mês trabalhando meio período como gari e sentiu na pele o que é tornar-se, com um simples vestir de uniforme, um ser invisível socialmente. Mesmo passando e esbarrando em pessoas conhecidas, era ignorado e sentia-se como um poste, um orelhão de telefone. Concluiu que as pessoas viam apenas a função dele e não a pessoa. Provavelmente as pessoas percebem a falta que os garis fazem apenas em eventuais greves da categoria, quando montanhas de lixo começam a se acumular.
Apenas uma última curiosidade (achei na internet, portanto difícil dizer se a fonte é confiável). O nome gari é uma homenagem a uma pessoa que se destacou na história da limpeza da Cidade do Rio de Janeiro - o francês Aleixo Gary.
Gari ou lixeiro? Certa vez uma mãe comentando com seu filho: "Lixeiro somos nós que criamos o lixo, eles são as pessoas que retiram aquilo que acumulamos (e sem se achar culpados), eles são os funcionários da limpeza pública." Então sabe-se de fato quem são os lixeiros, nós mesmos, e sem se sentir culpado.
ResponderExcluirOlá! Ë verdade! E quanto lixo geramos!!
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